segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Todo dia é dia da Criança na Pastoral da Criança

A Pastoral da Criança da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus vem comemorando durante todo o mês de outubro as festividades em homenagem ao dia da criança. O evento vem acontecendo em cada comunidade através de seus Líderes e Coordenadores. Como de costume a festa é realizada a luz da Palavra, brincadeiras diversas, distribuição de presentes e lanches. Com todo carinho queremos agradecer a todos os voluntários e amigos que se dispõem a fazer a alegria dessas crianças. "Para que todas as crianças tenham vida, e a tenha em abundância" (João 10,10).

MOMENTO DE REFLEXÃO

Na praça, a multidão, tumultuada, observava um homem triste, algemado, em plena rua. Os gritos de condenação ecoavam por todos os lados: "Assassino!" "Celerado!" "É uma fera solta, diziam uns. "É um monstro que merece o devido castigo, gritavam outros. "Donde vieste, matador cruel?" E o infeliz, cansado, mal se agüentando nos pés, implora por misericórdia. "Por Deus, me poupem a lembrança!" Já basta a aflição que me oprime a alma..." "Vocês me perguntam quem eu sou e de onde venho. Pois bem, eu vou lhes dizer." "Eu fui aquela criança a quem todos fecharam a porta..." "Fui o pequeno mendigo que todos viram passar, indiferentes à minha sorte." "Fui aquela criança sem lar, sem escola, sem saúde, sem esperança... "Faminto, descalço e roto, a minha vida era assim..." "Cresci na lama do esgoto, e nunca tive alguém por mim..." "Jamais provei um abraço caloroso de mãe ou de pai, de irmão ou de amigo." "Hoje dizem que sou um réprobo, mas o que se pode esperar de alguém excluído da sociedade como eu?" E, por fim, limpando o pranto abundante que lhe corria no rosto, conclui: "Nem eu mesmo sei quem eu sou. Talvez seja um monstro, um assassino cruel, um assaltante sem escrúpulo, ou, quiçá, seja apenas um pequeno mendigo moral, diante dos olhos de Deus". A multidão silenciou... Nada mais se ouviu além dos passos trôpegos daquele homem triste a caminhar na direção do cárcere... **** Se analisássemos a história de cada ser humano que se perde nos lodaçais do crime, talvez fôssemos menos implacáveis em nossos julgamentos. Lembremos que essas criaturas que vivem à margem da sociedade são nossos irmãos, necessitados de amparo e orientação. São seres que sentem, sofrem, lutam e se desesperam diante da nossa indiferença. Jesus, conhecedor da história de cada um dos espíritos confiados à Sua guarda, sabia que os homens são mais frágeis do que perversos. E é essa fragilidade que os faz amargos, rebeldes e violentos diante da própria impossibilidade de soerguimento. São esses os verdadeiros enfermos da alma que necessitam de médico, de tratamentos, e não os sãos, conforme afirmou Jesus. Você sabia? Você sabia que há países em que o regime penitenciário é totalmente voltado à regeneração do infrator e não de punição pura e simples? As autoridades entendem que a pessoa que comete crimes, está enferma, e como tal deve ser tratada. É por esse motivo que nesses países o delinqüente trabalha e estuda. E se tirou a vida de um pai, por exemplo, deve sustentar financeiramente a família da vítima, bem como a sua própria família, de maneira a não se constituir num peso para o Estado. Ao cumprir a pena, o indivíduo está apto a ser reintegrado à sociedade, da qual, em verdade, jamais foi excluído. (Baseado na poesia "A Primeira Pedra", do livro Antologia dos Imortais.)

MORRE NETA DE NATANAEL

É com profundo pesar que a PASTORAL DA CRIANÇA da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, vem anunciar a quem possa interessar que no último dia 20 de outubro de 2012, faleceu NETA DE NATANAEL como era conhecida popularmente por todos de Sertânia. Chefe de uma família acompanhada pela PC. Apresentava-se em extrema situação de vulnerabilidade social. Mesmo na sua forma desestruturada de educar se comportava como uma Leoa em defesa de sua Família. Enfrentou a miséria, (Sobrevivia de bolsa família e vivia a mendigar nas ruas da cidade acompanhada por seus nove filhos). “Quem não lembra dessas cenas” ? Enfrentou a Justiça na luta para recuperar os filhos que foram tirados do seu convívio por ser considerada incapaz. Mesmo contra a decisão judicial trouxe de volta todos eles , vivendo assim, fora da Lei. Ninguém conseguia calar o seu brado quando o assunto era seus filhos. É do conhecimento de toda a vizinhança que com a família que tinha o sofrimento desta mulher era constante em sua rotina diária. Em sua trajetória de vida, foi possível perceber, que a desigualdade social e a miséria fizeram parte de todo o seu processo histórico, estando presentes muitas vezes, nas principais pautas de discussão, porém, não como objetos de efetivas ações que buscassem o enfrentamento da problemática. Contraditoriamente, em geral nunca se buscou uma forma de amenizar os problemas decorrentes da pobreza, através da culpa lançada às pessoas que se encontram nesta situação. A representação que a sociedade capitalista adotou do sujeito que está em situação de pobreza, é de “vagabundo”, “analfabeto”, “desqualificado”, entre outros. O que permite culpar uma única pessoa por um problema que é criado pela sociedade e que cabe a esta resolver. É necessário mostrar através da realidade, que apresenta-se diariamente nas ruas, que a pobreza deve ser enfrentada por ações concretas que busquem as causas estruturais deste problema, mudando as formas de pensar a pobreza, os conceitos que foram adotados historicamente com o objetivo de manter a ordem estabelecida. Torna-se necessário que o indivíduo alcance sua autonomia e liberdade através da minimização da desigualdade social e da garantia do acesso aos bens necessários para seu desenvolvimento. Neste sentido o Estado passa a ser o regulador desta situação, onde através das políticas sociais possa proporcionar a diminuição dos índices de desigualdade, procurando desenvolver ações para o social e não para a classe dominante (classe burguesa). E agora? Neta se foi e o seu “GRITO” vai continuar ecoando no ouvido de cada um de nós através de seus nove filhos que esperam por um gesto de solidariedade para continuar vivendo juntos.